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Artigo: 2 - 20-09-2014

Sociedade em Decomposição

 

Temos visto nesta semana em quase todos os notíciarios, o policial que a queima roupa baleou um camelô na região da Lapa em São Paulo. Rua esta, muito movimentada e que pela lei da natureza comercial atrai um volume infindável de pessoas ao seu redor. O mais curioso é que já em muitos noticiários apareceu críticas de que o errado é o camelô. "Quem manda ele ser camelô"....."Quem manda ele ser analfabeto e acabar sendo camelô". Como morei próximo de regiões pobres e junto a classe média no Rio de Janeiro, Vila da Penha e tendo meu amigo peixeiro o João do Peixe nesta Região Norte do Rio de Janeiro- Praça do Carmo, e muitos que lerão este artigo, sabe  muito bem do que estou falando e escrevendo e possivelmente de quem vou falar. De um garoto chamado Buiu. Ou como era conhecido o garoto da bicleta "O Globinho". 

Pois bem. Esse rapaz, negro, forte, vindo da favela - "agora a mídia chama delicadamente de Comunidade, como se fosse resover alguma coisa, título de novela e folhetim das nove horas da nossa querida emissora Globo", esse jovem rapaz, meu conhecido, sempre me dizia: "Professor, o que pode ser da minha vida, se mesmo sendo Globinho - ""para quem não sabe, o Globinho foi um projeto da Emissora Globo, diga de passagem muito interessante e que poderia dar certo se tivesse sido encaminhado de forma correta. Creio que ainda deva existir. Foi bom ou esta sendo bom enquanto dure. Parece casamento". Enfim, as palavras do meu coleguinha; ....se mesmo sendo globinho, continuo vivendo na favela. Minha mãe uma analfabeta que trabalha no hospital de sol a sol, meu pai um miserável que nem sei aonde esta e que o único lugar que me sinto bem é na praça do carmo com vocês; finado Adelmo, João do Peixe, Jorginho, Cidinho - esposo de Flávia Magalhães pessoas que amo, Tião, ex-cabo da polícia do Estado do Rio de Janeiro, e muitos outros, e que na vida a única coisa que posso fazer é esperar a morte chegar, pois acordando às 04:00 hs da manhã entregando jornal de bicicleta e tendo que pegar em outro serviço ao meio dia largar depois das 20:00 hse depois de tanto cansaço chegar em casa ainda ser espancado pela minha mãe para levar o meu dinheirinho. Como pode professor. Como vou estudar. Queria ser igual ao senhor. Doutor". Só para registro. Não sou doutor. Mestre ainda a caminho e com muitas dificuldades.

Então..... muitos saem da miséria por seu esforço é bem verdade, mas não venha esses demagogos de plantão dizer que todos conseguem, e, se um conseguiu porque todos não conseguem. Também não é por ai.

O país não precisa mais de demagogos de plantão. O país precisa sim urgente de escola de base. Enquanto nossas escolas estiverem caindo aos pedaçõs. Enquanto fingimos que ensinamos, fingimos que pagamos professor, fingimos que temos estrutura adequada nas escolas públicase que no último censo já somos 5.570 município e que se o Governo Federal, seja ele qual for na proxima entrada, não pegar pesado na educação, investindo nos próximos 15 anos na base e formando educadores de verdade, dando dignidade e criando concurso público de verdade atraindo gente boa e competente, se isso não ocorrer amigo: pode arrumar um jeito de viver em outro país, pois a polícia não vai atirar em camelô não. Vai atirar até na sombra que se mover, pois a delinguência será tamanha que será impossível viver aqui.

O episódio da Copa do Mundo em sua semi-final o que ocorreu é um retrato fiel de um país que não tem estudo técnico. Alí ficou claro o talento de nossos jogadores, com o talento da técnica de ler o jogo dos alemães. É como uma partida de xadrex. Gostaria de um desafio: a seleção brasileira de jogadores profissionais jogando xadrex com a seleção da Alemanha. Seria uma surra tão mediocre, pior do que os 7x1 que além do campo de bola, a prova científica ficaria clara. Nossos jogadores não foram treinados para pensar. São sim treinados como robôs. Meros robôs. Igual ao policial que baleou um cidadão trabalhador, humilde, creio eu que estava defendendo seu pão de cada dia em um centro movimentado da Lapa na Cidade de São Paulo. Culpa dele? Do policial?  Claro que não. Ele até responde pelo seu ato. Lógico. Afinal ele praticou um ato horrendo. Assassinou um indefeso. Mas se ele tivesse tido treinamento, estudo, disciplina. Se este tivesse tido escola de verdade, se ele fosse cobrado para agir como um cidadão e de estar alí para proteger e não para matar ou atirar na própria sombra o desfecho seria outro. Claro que a história seria diferente.

Então o importante é refletir em qual sociedade o Brasil quer ir e precisa ir. E não temos mais tempos de discutir o sexo dos anjos. Se é Marina. Dilma, Aécio, Fulano de Tal ou Beltrano de tal. Temos sim que nos mobilizarmos como uma corrente que varreu a Europa em volta de 1794 e toda a sua história foi modificada. Próximo dali na Inglaterra um Rei foi decapitado em praça pública. Ali o povo tomou conta da situação e aqui ninguém aguentava mais o que estamos presenciando. Será que vamos chegar a isso? Ao mundo da barbarie e do salve -se quem puder? Espero sinceramente que não, mas nossa história esta caminhando por uma estrada dfícil.

Espero aos que lerem este artigo que reflitam e repasssem aos seus conhecidos em qual país necessitamos viver. Em qual espaço de tempo estaremos daqui a 10 anos, pois serão nossos netos que virão porque com a idade que tenho não nos resta muito mais tempo.

Abraços,

Profº Gláucio dos Santos Costa 

 

12-02-2017

A Vida das Pombinhas

Como o cotidiano é rico em detalhes, para nos mostrar que de dia em dia, e de exemplo em exemplo, podemos ou poderíamos construir lares melhores, vida melhor e poderíamos compartilhar de melhores dias.

Percebe-se por aqui, neste imenso país que denominou chamar de Brasil, pelo resgate de uma arvore. Um dia nos forneceu: corante em abundância, madeira de lei da melhor espécie para a construção de navios para o mar, madeira para construções de casas com vida longa, etc. Assim, esta arvore só virou símbolo de um nome. Parece que nada mais. Ao menos até o momento. De tão usada foi-se a extinção.

Em alguns momentos, pessoas que lerão este artigo, poderá se perguntar. O que tem a ver o relato do nome de um país com o nome dado ao artigo: A Vida das Pombinhas. Vamos aos fatos.

Primeiro, uma árvore secular de forte envergadura, com substâncias disponíveis para diferentes formas de utilização, poderia ser mais bem preservada a sua história. Se perguntarmos aos meninos de hoje de onde veio o nome do país: Brasil, com plena certeza da resposta, em sua grande maioria, não saberão. Assim, o desprezo por nossas origens aqui é simplesmente enorme. Creio que sem paralelo em comparação com outras nações.

Segundo, a pombinha é um ser dócil, frágil e simbolicamente conota a paz. Justamente pela docilidade da mesma. Aliás, desconheço pomba toda preta, que na alusão da cor, o preto sempre vem ligado à coisa ruim, mau agouro e medo. O escuro sempre nos remete obscuro. Coisas do medo das nossas infâncias.

Quanto as pombinhas, são branquinhas, dóceis e inofensivas. Não leva riscos a ninguém. Aliás, virou o símbolo da paz em todo o Globo, devido a sua doçura e inofensividade. Assim, é o nosso povo. O povo brasileiro. Dócil, adora a reunião das festas, alegre e mesmo com todos os problemas do cotidiano, a sensação que ele vive sempre em paz. Esta paz pode ser interpretada de várias formas. A mais contundente é que somos uma nação de dóceis e frágeis cidadãos. O caso emblemático, acontece agora no espírito santo. A população Ficou refém de uma greve camuflada, cujo sentido legal não ouve apoio das autoridades, e dos poderes pelo juramento que estes militares fazem ao ingresso da carreira. Pois bem. A conta ficou cara, tanto para a população, como para as autoridades. O povo acuado dentro de suas casas, exatamente como milhares de pombinhas, olhando pela janela os acontecimentos ocorridos do lado de fora.

Desta fora, a comparação no início deste escrito, a arvore secular, O Pau Brasil, como ficou conhecido em toda a Europa, rígido porte e imponente, e a Pombinha, frágil e dócil, vivendo dentro de suas gaiolas, emitindo o seu grunhido de fragilidade. Qual o motivo de tanta fragilidade? Fomos doutrinados para serem pombinhas. Desde a nossa vida de colônia explorada, o povo por aqui vive de migalhas jogadas na praça, alimentando os pombos. Não somos uma nação Pitbull. Quieto no seu canto, mas extremamente perigoso. Quem conhece a vida e o momento diário de um Pitbull, sabe que na verdade é um cachorro quieto. Vive no seu canto. Porém, ao incitá-lo vira fera. Nós não. Nosso povo não. Sempre dócil e conformado. Jamais se revoltou com seus donos. Aqueles que secularmente lhe alimentou com migalhas. Neste caso os políticos. Em muitos casos, no episódio de Vitória-ES a população virou-se contra os policiais, que mesmo recebendo desprezo pelo poder público, com salários de migalhas, sem nenhuma estrutura de trabalho, desmotivados e presos em seu juramento de servir ao cidadão, que em vários relatos voltaram-se contra estes, por estar aquartelados, lutando para melhores migalhas.

Vivemos das migalhas. É só perceber nossa renda ou nossa forma de encaramos a educação. O que se fossemos levado a forte processo educacional. Em um tempo, poderíamos estar lutando por melhores salários. Educação aqui fica em quinto plano. Coisa desprezível. Coisa que pode deixar para lá. Festa não! Festa é coisa séria. Festa é coisa que pode ser mostrada ao mundo e neste caso rende um bom dinheiro, claro, aos donos da ração, que irão alimentar as pombinhas.

Então, doutrinar milhares de pombinhas, basta jogar aos poucos e diariamente migalhas aos pombos e controlar sua alimentação. A doçura estará realizada e o perigo estará longe do seu alimentador. Enquanto que não refletirmos que podemos nos transformar em uma arvore forte, de madeira de lei, podemos ser agressivos como um cão Pitbull quanto  afrontados e forte como o pau Brasil, nada mudará por aqui. Somos, e, fomos doutrinados para sermos as pombinhas e passarmos o tempo todo com seu mais forte grunhido dentro e quietos nas nossas gaiolas e fazendo: Pruu -  pruuuu – pruu.

Abraços,

Profº Gláucio S. Costa

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